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A Fire out of Control – Franz Ferdinand no Via Funchal 2010

março 26, 2010

Depois de sofrer por não ir no Circo Voador em 2005 e no show da The Week ano passado, eis que o sonho que tenho desde os meus 13 anos de idade se realiza: ir num show fantástico do Franz Ferdinand. Assim que soube das datas da tour aqui no Brasil comprei meu ingresso para ir em São Paulo, cinco meses antes da data que chegou surpreendentemente rápido.

Franz Ferdinand São Paulo 2010

Iép, foi épico assim.

Era oito da noite do dia 23 de Março, e após esperar na fila desde da uma da tarde estava colocando os pés dentro da Via Funchal e correndo pela minha vida para pegar o lugar mais próximo possível do palco. Antes parei no bar para comprar água, e fui extremamente atrasada pela lerdice dos atendentes de lá. Pelo amor de Deus, era uma situação de vida ou morte galera, não dava pra deixar pra contar tickets e ensinar outros atendentes o tanto de água que se põe em um copo ANTES da abertura dos portões? Ainda assim, devido à alguns espaços que foram surgindo e delicados jogos de corpo (delicados, diferente de certas pessoas lá), no meio do show de abertura (bem fraquinho por sinal) eu e minha amiga já estavamos oficialmente na grade. Deslocadas para a esquerda, logo após aonde o Bob fica, mas ainda assim grudadas na gloriosa grade.

O show começou com sua música de introdução de suspense, enquanto um a um os rostos que conhecia há tanto tempo só por fotos e vídeos foram aparecendo totalmente tridimensionais. É uma das melhores partes de shows, ver pela primeira vez aquele seu artista querido todo em 3D, live in high definition. Dá um nó no cérebro, pela primeira vez você comprova que eles não são apenas produtos de sua imaginação, todos sempre parecendo tão mais belos pessoalmente. Alex Kapranos em especial durante a noite provou que é uma unanimidade em termos de espetáculo de homem fazendo um espetáculo de show. Mesmo doente, como comentou no show e em seu twitter, arrasou na simpatia e se esforçou o máximo para devolver à platéia o seu ânimo enorme.

Aqui a set list completa do show.

O show com 5 mil e 800 pessoas na platéia começou com Bite Hard, a qual fiquei feliz de ouvir já que gosto muito mas não a tocaram em Brasília. Depois seguiu-se um combo de hits insano, onde o público não parou de cantar e pular em um momento sequer. Can’t Stop Feeling foi ótima, ainda mais seguida de Do You Want To. Por Deus, This Fire durou nada menos que 10 minutos, coisa de outro mundo (video or it didn’t happened). Cantaram o lado B Shopping for Blood, surpresa agradável da noite, e então simplesmente pirei com os sintetizadores intensos de Ulysses. Estava bem na frente da caixa de som, ouvindo claramente a voz idêntica a dos CDs do Alex e cada acorde que ao vivo ficavam mais dramáticos ainda. A banda consegue soar melhor ainda ao vivo, se isso é possível.

Após Ulysses os escoceses emendaram Outsiders, que como de praxe foi seguido do glorioso momento em que os quatro tocam uma única bateria juntos. Curti muito e aproveitei para poupar a voz, estava aos cacos, não sei o que seria se não fosse o garoto ao meu lado que me ofereceu um gole da água que Bob havia jogado na platéia.

Como gritado aos 1:18 – Fuckin’good!

A banda saiu para a pausa antes do Bis, e eu estava esgotada. Comi uma bolachinha que havia na bolsa, preocupada em não desmaiar, quase não conseguindo engolir. Tive a impressão que o público tentava gritar o nome da banda, mas não conseguia de cansaço resultante do calor. Eu sei que eu não conseguia, por mais que tentasse.

Retirada a bateria e feito o nhé nhé nhé da pausa pro bis, os rapazes voltaram e tocaram All My Friends, cover do LCD SoundSystem, para logo após vir Michael seguido de Darts of Pleasure. Joguei todo o restante de minha energia aí, fazendo questão de cantar todo o refrão de Michael e berrar o “Ich heisse super fantastische!” a plenos pulmões. Em 40th feet mal conseguia cantarolar o “lalalala”. Tentava, tentava mas não saía. Isso considerando que passei todo o show na relativamente confortável e bem ventilada grade, imagina a galera no calor do auê lá no meio. Lucid Dreams veio energética com direito a Nick e Alex tocando em cima dos amplificadores, e eu sabia que era o final. Uma tristeza me bateu enquanto a bandeira do Brasil passava no telão atrás e cada membro da banda se despedia e retirava, para voltarem todos juntos e agradecerem o público de mãos dadas. Por final peguei na mão do Nick enquanto ele passava se despedindo pela última vez da galera, todas as baquetas e palhetas voando longe de onde eu estava.

Fantástico.

Franz Ferdinand é uma banda que aparentemente só tem hits. Todas as músicas foram recebidas com ânimo e cantadas fortemente por todos. A banda tem uma presença incrível. Ria muito e quase morria com as dancinhas e poses do Alex Kapranos, se o homem doente se apresentava daquele jeito imagina saudável. O Nick valeu pela passada insana fazendo o Duck Walk na nossa frente, e batendo com a baqueta no ventilador após a parte da bateria de Outsiders.

Alex-Kapranos-São-Paulo

Sou foda, beijos. (Alex Kapranos)

Só tenho a reclamar das coisas de sempre de shows, da cortação de fila descarada do grupo de pessoas na frente do Via Funchal, o calor infernal que fez diversas pessoas desmaiarem, e o que sempre me irrita no fundo do âmago do meu ser: qual seria o grande drama das casas de show começarem a vender garrafinhas de água invés de copos abertos? Copos abertos = pessoas sem água = pessoas desmaiando, e não copinhos abertos = a mais vendas. Se for por questão de segurança ou sei lá, não entendo de qualquer jeito.

Resumindo toda a experiência, como já dito em outros lugares, show do Franz é show do Franz: não tem como ser médio, ruim – é sempre bom. Bem que poderia ter umas duas vezes no ano, que eu ia com certeza. Faltou conhecê-los só, falar um “Thank you for your music”, eles são tão simpáticos e conversam tanto com os fãs. Quem sabe da próxima eu planeje alguma tentativa de “tietagem” básica.

E agora tenho que lidar com minha depressão pós-show e viver minha vidinha sem graça enquanto eles não voltam e não aparece nenhum outro bom show por aí.

Beijos e fiquem bem, qualquer coisa estarei ouvindo Katherine Kiss Me em posição fetal na cama.

Fotos lindas por Stephan Solon.